Persépolis, baseado em quadrinhos, é uma animação autobiográfica sensível, comovente e trágica... contada com muito humor e crítica. Persépolis inicia em 1978, na cidade de Teerã. Marjane é uma menina de oito anos, encantadora, espirituosa, contestadora e “peça rara”, que acompanha atenta e curiosa os acontecimentos da Revolução Islâmica que conduziram à queda do xá. (Veja comentário 1) Com a entrada da nova República, em questão de meses, o Irã entra numa onda de conservadorismo e repressão. Marjane, que é contestadora, revolucionária, gosta de punk, usa tênis adidas e ouve Iron Maiden (2) se vê obrigada, entre outras coisas, a usar o véu e parar de estudar francês. O dia a dia no Irã vai ficando cada vez mais perigoso. Parentes são presos e assassinados (3), bombardeios sob Teerã aumentam e a rebeldia e confrontação de Marjane começa a criar problemas para ela e sua família. Seus pais decidem então mandá-la para a Áustria. Sua despedida do Irã é um dos momentos mais marcantes do filme. (4) Em Viena, aos 14 anos, Marjane vive outras revoluções: adolescência, liberdade, amor e a sensação de exílio e solidão. Depois de uma decepção amorosa (a gente dá vontade matar o cara!!) ela decide voltar pra casa. Seu retorno é conturbado e ela tem dificuldade para se readaptar. Resolve casar-se, o casamento dá errado e ela, ainda ousada e revolucionária, decide sair novamente do Irâ e muda-se para a França.
É um filme para não esquecer. Nos leva a pensar sobre nosso próprio amadurecimento, sobre o assumir com mais autenticidade nossos atos e formas de pensar, a importância de se ter coragem e não se acomodar com o que nos incomoda e com aquilo que sabemos ser errado.
Enfim... Persépolis é cativante, contagiante e muito singelo. Merecia (MIL VEZES MAIS) o Oscar no lugar de Ratatouille.
(1) A cena dela gritando “Abaixo o xá!” como numa passeata pela casa afora é ótima. Lembrei muito de mim durante a minha militância no movimento estudantil na UFMG... (Senti tanta saudade daquele espírito revolucionário que este parêntesis vai merecer outro post.)
(2) Outra cena excelente é ela comprando fita K7 contrabandeada do Iron Maiden, vestindo jaqueta jeans do movimento punk.
(3) A cena do tio na beira da sua cama contando suas histórias de resistência ao regime e depois o pedido dele para, quando já estava preso, despedir-se de Marji é marcante.
(4) A cena dela deitada juntamente com a avó, na noite anterior à sua partida, é maravilhosa. Não resisti, inclusive, a reproduzir aqui uma das falas da avó (que tive que copiar ao assistir o filme... de tão linda! Ela fala assim: "Olha, não quero dar uma de moralista, mas vou te dar um conselho que sempre vai ser útil para você. Na vida, você vai encontrar muita gente idiota. Se te ferirem, pensa que é a imbecilidade deles que os leva a fazer o mal. Assim você vai evitar responder às maldades deles. Porque não tem nada pior no mundo do que a amargura e a vingança... Seja sempre digna e fiel a você mesma".
Não é lindo e profundo???
i loved that movie.
ResponderExcluirLindo mesmo,Marina.
ResponderExcluirAfinal, vc assistiu ao filme no cinema
ou alugou o DVD?
Porque , de repente, seria uma ót
ima ideia assisti-lo, e reler seus
comentários...
Bjs
Oi Letícia.
ResponderExcluirAssisti em DVD. Esta foi uma das animações que concorreu ao Oscar em 2008. Se não me engano, ele não chegou a passar nos cinemas do interior.
Se tiver oportunidade, realmente sugiro que você assista. Acho que você também vai gostar. E depois venha aqui fazer seus comentários... vou adorar saber o que dele te chamou a atenção.
Um beijo.
PS: Quais são os planos para o Carnaval?
Marina,
ResponderExcluirNão conhecia o filme..
Essa citação lembrou tanto as conversas com minha vó!Emocionei!! Quero assistir..
beijos