**... felicidade se acha é em horinhas de descuido...**

(Guimarães Rosa)

: : . . . costuras, aventuras e etcétara . . . : :

Há mais ou menos um mês escrevi um post dizendo que queria aprender a desenhar, costurar e bordar. Pois então... lá fui eu! Desenhar eu ainda não arrisquei... mas estas são as minhas duas primeiras costuras/aventuras desta "temporada"! rs.

A primeira primeirinha da coleção... o modelo '01'... é a já apresentada "Clockwork Orange". A '02' é "Black Bird", que já recebeu um "up grade" (rs!) com uma tentativa (parkisoniana) de bordado - é, o bordado ficou tremido,... mas foi o só primeiro... então estou feliz assim mesmo! rs. Minha mãe disse que eu deveria ter treinado um pouco primeiro em outro pano... pra pegar "firmeza" na mão... mas não aguentei de ansiedade pra bordar logo a saia para ver como ficaria. Aí, claro, não ficou tão bom... fazendo jus ao ditado da pressa ser inimiga da perfeição. rs. Mas já passeei com elas por aí... e tem sido deliciosamente divertido dizer: "foi eu que fiz!".

A próxima já deve ganhar forma ainda esta semana! Os momentos da costura e do bordado tem sido muito gostosos. Obrigada, Maezinha! Para além dos "modos de fazer"... tenho aprendido infinitas outras coisas nesta convivência próxima.

: : . . . a travessia . . . : :

**... Digo: o real não está na saída nem na chegada:
ele se dispôe para a gente é no meio da travessia...**

(Riobaldo em Grande Sertão: Veredas)

: : entender é sempre limitado : :

"NÃO ENTENDO. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo."

(Clarice Lispector)

: : better than ever : :

"Most people are other people.

Their thoughts are someone else's opinions,

their lives a mimicry,

their passions a quotation."
- Oscar Wilde -

: : . . . JUST A FEST. . . : :

Voltei do Rio com a seguinte conclusão: considerando as atuais... existem bandas e existe o Radiohead. O show foi fascinante, extraordinário, (literalmente) de arrepiar! Vai ser difícil assistir ao show de qualquer outra banda depois do Radiohead. O envolvimento, a sintonia, a disposiçaõ e o prazer de estar ali estava estampado em cada um deles. Foram 2h15 de um show perfeito..., muito intenso... emoção pura! A espera, o investimento, a expectativa... foram todos recompensados. Fiquei hipnotizada. Foi um momento único. E eu adorei a dança desajeitada do Thom Yorke.

Se por um lado o Radiohead, para mim, veio para consolidar como uma banda que comecei a ouvir não tem muito tempo (em que mundo eu vivia??? rs), o Kraftwerk também foi uma grande surpresa. Que show "sensorial". Isso mesmo... sensorial. Da arquibancada sentia no corpo o impacto da música e os telões gigantescos com imagens incríveis de um abstracionismo geométrico prenderam totalmente minha atenção. Foi um choque! O Radiohead, já era fato, seria satisfação garantida... mas o Kraftwerk foi tão surpreendente porque eu não sabia o que esperar, não sabia o que viria pela frente... e o que veio foi um impacto incrível... e a humilde constatação de que tenho muito o que conhecer e aprender.

Por último... porque (infelizmente!) eles só merecem o último lugar... Los Hermanos. Isso mesmo gente... eu, que já fui a 5 ou 6 shows do Los Hermanos e declarava-me fã... levei um balde água fria. Foi decepcionante. Acho que grande parte do público ficou com vergonha pra eles. O show foi medíocre, convencional... A banda, com aparente má vontade e tocando "pros côcos" com guitarra desafinada... se arrastou puxados por alguns fãs histéricos que sapatiavam como se eles fossem as estrelas da noite. Eu, que defendia a volta e estava até gostando da idéia de mais um show, saí de lá com a certeza de que se era pra voltar sem vontade, com cara ruim e expressão "estou fazendo um favor aos fãs que me restam"... que não dessem este suspiro final. E parece que o "suicídio criativo" se deu no Rio na sexta e o enterro foi domingo em São Paulo. Mas não pensem que digo isso com satisfação, pelo contrário.... é o Brasil mostrando sua pobreza cultural. Onde estão as boas, grandes e sobreviventes bandas brasileiras?

Ps: Mas o Rio é lindo
e os chopps são ótimos
e as companhias foram perfeitas
e em Maio tem Oasis!

: : . . . everything in its right place . . . : :

: : R A D I O H E A D : :

amanhã
enfim!
... lá vamos nós ...

: : que assim seja : :

: : trágico dilema : :

"Quando alguém pergunta a um autor o que este quis dizer,
é porque um dos dois é burro."

- Mário Quintana -

: : . . . procura-se . . . : :

Qual é a coisa mais engraçada que você já viu? Ando com uma desesperadora vontade de encontrar algo que seja tão deliciosa e maravilhosamente engraçado que me faça rir até ficar com dor na barriga de tanto rir. Eu queria uma gargalhada ingênua, simples, compartilhada... uma gargalhada dessas que a gente até segura a barriga e perde o ar. Há solução não-psicotrópica para vontade de morrer de rir...?

. . .

: : e o passado é uma roupa que não me serve mais : :

Fotos antigas são quase mais divertidas que as de recente data. E isso é fato. Ontem, vasculhando um antigo computador aqui de casa achei algumas fotos de 5 anos atrás. 5 anos não é muito tempo (ou é?). Olhei e olhei as fotos por algum tempo e muita coisa veio no meu pensamento. Sorri. Lembrei. Agradeci que várias coisas ficaram. Agradeci que outras passaram. Percebi que se por um lado pouca coisa mudou (os três casais das fotos continuam casais... os casais continuam muito amigos entre si... todos nós continuamos indo para a Serra do Cipó... e ainda nos divertimos muito, sempre) por outro somos todos hoje pessoas bastante diferentes daquelas de 5 anos atrás: "a mente, o corpo é diferente e o passado é uma roupa que não me serve mais" (Velha Roupa Colorida, Belchior). A gente envelheceu... em 5 anos viramos adultos! E foi gostoso perceber que nós seis somos pessoas que estão aí crescendo na vida... felizes... e juntos. Esta de "tudo numa coisa só" é muito gostoso. Ter os mesmos queridos amigos entra ano e sai ano é um privilégio. Imagina as mesmas fotos daqui 20, 30, 50 anos?

Que os amigos continuem amigos!
Que a gente esteja feliz!
Que a gente não viva só de saudade,
mas que continuemos escrevendo nossos capítulos com boas histórias
(de viver e de contar!)

. . .

: estranho mundo de um sentimento diferente :

janelas abertas pro mundo onde o tempo corre kayrós
devagarzinho o momento da delicadeza faz uma visita
sentimentos uma vez guardados
novamente encontram seu espaço
à sombra de uma árvore
me aconchego vendo o futuro chegar

. . .

: : Miguilim e Tio Terêz : :

.
. .
. . .

'- Miguilim, este feixinho está muito pesado para você?'.
'- Tio Terêz, está não. Se a gente puder ir devagarinho como precisa,
e ninguém não gritar com a gente para ir depressa demais,
então eu acho que nunca que é pesado...'

(Guimarães Rosa)

. . .
. .
.

: : maria marina menina : :

lá vai a menina
alma de criança
sorriso leve
despreocupada
descalça
quer apenas brincar
e entrar na roda
e inventar moda

. . .

: : I know it's only rock 'n roll, but I like it : :

"hoje vai ter uma festa

que eu vou dançar

até o sapato pedir pra parar

aí eu paro

tiro o sapato

e danço o resto da vida"

- Chacal -

: : engrenagem : :

Hoje eu costurei. Costurei pra mim mesma. Costurava e experimentava. Costurava e cantava. Costurava e pensava. Costurava e gostava. Descosturava e esperava minha mãe chegar. rs. Pois é... ainda estou dependende. Ainda preciso dela (quase) o tempo todo por perto. Ainda erro. Ainda preciso, vez ou outra, descosturar. Mas quem escreve, às vezes apaga... por que quem costura não pode, às vezes, descosturar? Mas minha mãe quase nunca descostura. Hoje deu vontade de ter pregado na máquina de costura um adesivo como aqueles dos carros de auto-escola: "Paciência, estou aprendendo!". Não que ela não tenha paciência, ela tem... mas às vezes ela acha que falando uma vez, mostrando apenas uma vez como se faz... eu vou aprender e não mais errar. Pra ela é tão natural que ela acha que é fácil e quando eu digo que não... a gente quase sempre ri bastante. No geral, a gente ri bastante enquanto costura. É um momento divertido... nós duas ali no calor quartinho de costura. Eu inventando moda e ela me olhando estranho achando minhas idéias meio malucas. rs. E elas são um pouco, realmente. Estou fazendo a primeira saia dessa "coleção". rs. Por algum motivo que não sei qual ou simplesmente por achar que esta seria mais fácil escolhi entre as idéias que eu tinha tido começar com o modelo "Clockwork Orange". É. Cada saia tem um nome. Esta, obviamente é alaranjada e por isso acho que minha mãe não está entendendo nada (e muito menos gostando!). Nós duas nunca gostamos dessa cor. Mas o que ela não percebeu ainda é que a saia TINHA QUE SER alaranjada para ser o modelo "Clockwork Orange", senão seria qualquer outra coisa, menos a "Clockwork Orange". Para ser "Clockwork Orange" ela não poderia ser muito bonita. O filme não é bonito. É interessante, chocante, marcante, importante... mas não é bonito. A saia também não poderia ser ingenuamente "bonita" sem cumprir o papel dela de chocar. Sabe aquele feio que vde tão feio você simplesmente não consegue não olhar? Se não fosse assim, não seria o modelo "Clockwork Orange". As saias devem reproduzir os sentimentos das idéias que as originaram. Devem. Se vou conseguir ou não... sexta saberei. Sexta terei a minha primeira experiência com ela na rua... depois eu conto!

: : tiny and happy raindrops : :

"Raindrops keep fallin' on my head
But that doesn't mean my eyes will soon be turnin' red
Cryin's not for me
'Cause I'm never gonna stop the rain by complainin'
Because I'm free
Nothin's worryin' me"

- B.J. Thomas -

"Nothin´s worryin´me"... ok... exagerei... mas só um pouco! rs. Talvez até devesse me preocupar mais, afinal nem tuuudo está acontecendo da forma como eu esperava, tem tuuudo deu certo ainda, etc... mas algumas coisas (que eu sei mais ou menos quais são e tenho aproveitado cada pedacinho delas) tem acontecido para me acalmar, para abrir as pequenas janelas escritas - "seja otimista!" A verdade é que tenho tido dias felizes.

: : pequenas e boas novidades : :

acendem
e brilham
e brilham
e brilham
luzes no fim do túnel

como nunca
como sempre

: : 1 mês : :

- sorriso e brinde! -

"O que muito lhe agradeço é a sua fineza de atenção."
- Guimarães Rosa -

Hoje o blog completa um mês. E que mês! Muita coisa... muitas surpresas! A melhor delas foi perceber quantas pessoas se aproximaram, quantas compartilharam um pouquinho delas mesmas comigo, quantas observaram detalhes, criticaram, apoiaram, quantas espiaram e vieram me contar o que viram...

"enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas...
continuarei a escrever."
- Clarice Lispector -

Pelo jeito, este blog está só começando...

Um beijo, um abraço e um sorriso pra cada um!!

: : meu momento : :

"It´s all happening."
- Penny Lane no filme Quase Famosos-

: : que dia! : :

"Corro perigo como toda pessoa que vive.
E a única coisa que me espera é exatamente o inesperado."

-Clarice Lispector-

: : minha inércia me assombra : :

- para ler, clique e amplie a imagem, ok? -

: : . . . enquanto isso. . . : :

e viva os domingos!

: : . . viver é etcétara . . . : :

- Oi! Tudo bem por aí?
- Que bom que você melhorou!

- Vamos dar uma volta?
- Hum... é?
- Ah... tá bom então.
- Só os três?
- Tudo bem.
- Aproveita!
- Pergunta do Rio de Janeiro!
- Até mais tarde, então.
- Você liga?
- Tá bom.
- Beijo.

.
.

43 minutos depois
.
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51 minutos depois
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1 hora e 3 minutos depois
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.
.
ai, que tempo que demora a passar!
.rs.

Ps: "Eu quero levar uma
vida moderninha (...)"

: : longe perto longe : :

.
..
...

intimidade
horas
horas
e horas
até perder a hora
a gente ali
longe perto longe
como antes
diferente de antes
íntimos
sérios
divertidos
adultos
próximos
longe perto longe
saudade

...
..
.

: : Marina Bispo Rosário : :

Decidi aprender a desenhar, costurar e bordar. Pretensioso assim! Desenhar, costurar e bordar saias. Já tenho todo o primeiro esboço de vários modelos e bordados na cabeça... saias, saias e mais saias... ao vento... falta saber como tirar essas idéias de dentro da minha cabeça... e falta a técnica, os tipos de pontos, os arremates... Mas se alguém cria versos sem saber escrever... por que não posso criar bordados antes de saber bordar? Das outras vezes funcionou assim: imaginei bolsas de fuxicos sem saber fuxicar e lá fui eu furar as pontinhas dos dedos com agulha até aprender como se faz. Depois inventei saias e vestidos sem saber costurar... e lá fui eu andar atrás da minha mãe até ela me ensinar as primeiras lições.

Já tenho agulhas, linhas, tesoura e duas máquinas de costura. É. Duas. São da minha mãe. Serão minhas um dia. Herança. Minha mãe já disse... as máquinas serão minhas! Caçula. Única mulher. Eu fico com as máquinas! Meu irmão mais velho não liga. Mas o do meio e a esposa são criativos, meio artistas, gostam de moda... aposto que também tem vontade de saber costurar. Se eles quiserem... eu divido as máquinas... ou montamos todos um único atelier. Já pensou? Um ateliê de costura. É isso! É isso que me falta! Preciso aprender a desenhar, costurar e bordar. Preciso de um ateliê de costura! Minha mãe sempre quis me ensinar “os segredos”. Chegou a hora de absorvê-los.

Quero bordar uma coleção inteira!

Arthur Bispo Rosário que me abençoe.

Amém!