quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012


ó guarda chuva,

não me guarde mais da chuva
que eu quero tomar.













(mar)ina

(mar)ulhando um
(mar) de
(mar)garidas

segunda-feira, 13 de junho de 2011

**... as satisfações antes da consciência das necessidades...**

"O menino fremia no acorçôo, alegre de se rir para si, confortavelzinho, com um jeito de folha a cair. A vida podia às vezes raiar numa verdade extraordinária."

(Guimarães Rosa em "As Margens da Alegria")


"Flor de Leminski" nasceu numa fase de aflições, resistiu a alguns tormentos, satisfez algumas necessidades, sobreviveu à obscuridade da temporada offline e hoje reaparece quando tais amarguras não fazem mais sentido algum. #pósrancor. O luto daqueles desgostos e pesares é processo rematado. Estou pronta para novas costuras. Minha vida mudou. E hoje ela anda tão desafiante e especialmente boa de levar que certamente é hora de tentar poetar e compartilhar alguns esbravejos novamente.


Um amigo obstinado e um novo livro do Guimarães Rosa foram a gota d´agua para reencorajar os dedos e o pensamento que há muito andavam apenas por construções que exigem outras criatividades – mais práticas, mais organizativas, mais socialmente relevantes talvez – e que também são importantes pra mim.

Termino o dia com o coração confortavelzinho (esse Guimarães Rosa e suas palavras me encantam!) por saber que mais uma vez Flor de Leminski aparece para me tirar de uma cela abafada. Os motivos são outros, mas a ferramenta a mesma. O #tudoaomesmotempoagora da minha vida pós Circuito Fora do Eixo e Coletivo Colcheia dá pinote gostoso no peito e muito orgulho de cada idéia que compartilhei e que compartilharam comigo, cada projeto que participei, cada planejamento que ajudei a colocar em prática, cada produção que colaborei, cada tecnologia que aprendi, cada lugar que viajei, cada nova banda que ouvi, cada pessoa que conheci... mas te acelera num ritmo frenético que às vezes afoga. Minha vida mudou pra muito melhor. Fato. E é para ficar ainda mais gostosa que recorro mais uma vez às costuras do Flor de Leminski para me trazer novos ares para respirar profundamente...


... porque...



Quem faz um poema abre uma janela
Respira, tu que está numa cela
abafada,
esse ar que entra por ela.
Por isso é que os poemas têm ritmo
- para que possas profundamente respirar.
Quem faz um poema salva um afogado


- Emergência, Mário Quintana -










terça-feira, 13 de abril de 2010

**... feito passarinho...**



Aos queridos Guimarães, Omar e André, com carinho...




O
Bugre,
a Cervejinha
que não é a de beber.
O Jacaré que não é o animal
mas que parece e muito com o Pau-terra.
Fruta-de-Jacu com nome de ave e frutinhas docinhas.
A Rapadura que não é a de adoçar e nem tãp pouco a de comer.
O Angelim Margoso, o Barbatimão, a Unha DÁnta e a
Maminha de Porca
E vem depois:
Amescla
Gonçalo
Taipoca
Tapicuru
Imbaúba
Milombo
Lagartixa
Mutamba
Camboatá
ou Cambotá
Beira-córrego
o Açoita-Cavalo
E, enfim, o Pau-Pereira
(p.58)


( . . . )


Feito passarinho,
Viveu, amou, doou...
Feito passarinho,voou...
Para o infinito azul do céu.
Foi promovido. Virou anjo.
De passarinho a anjo.
Também, quem mandou ser bom assim?
Pois que todo mundo sabe que
os passarinhos são assim, de propósito:
bonitos não sendo da gente.
(p. 335)


( . . . )


No levezinho do suspense de quem vai alcançar vôo... voa... voeja,
serenado, na direção da casa do Pai, sua doce morada.
Aquietado. Translúcido.
Sua alma. Sua palma.
E assim... lá se foi.
Metamorfose. Transfiguração. Travessia.

E o menino, ali, mergulhado no mistério do Buriti.
Meditativo. Emudecido.
Morte, vida, existência, amor, homem, mulher, mundo.
Deus. Tudo. Agora e na hora... rogai!
E então, cheio de ternura, cochicha no ouvido do,
agora, definitivo anjo, Painho,
naquele jeito, acomodadinho, no coração:
"Obrigado, meu painho!"
(p. 337)


( . . .)


Caiu do céu e deu, na terra, um recado encantador.
A pessoa que se vai, deixa de estar perto,
apenas pra ficar do lado de dentro da gente.
Na alma.
Foi para o céu, mas continua per-ma-nen-te-men-te presente.
(p.338)


- José Omar Guimarães, em "Menino do Buriti" -

domingo, 11 de abril de 2010

**... travessia...**


Ensaiando o primeiro ato de **...flor de leminski, o retorno!...**

Numa noite dessas que num descuido a gente se percebe bem feliz, algumas pessoas conversavam por perto sobre "por que a gente escreve blog?" e eu, lá do meu canto, me encuquei pensando: "por que eu não escrevo mais blog?"

Esse quase um ano de "coffee break" do **... flor de leminski..." não foi planejado, mas entendi agora que foi necessário. Os textos acadêmicos - sisudos e formais - me afastaram daqui ao me deixarem pouco criativa e muito teórica. Eu não podia "esmagar as entrelinhas com palavras", como tento aprender com a Clarice, e por isso aceitei e respeitei a travessia que me foi colocada.

Mas um ano parece ter sido suficiente... e o ensaio de um retorno - tímido e despretencioso - começa a dar pequenos cutuções nas pontas dos dedos. E está sendo bem bom...

quinta-feira, 30 de abril de 2009

: : . . . enquanto isso . . . : :



http://www.fabriciocarpinejar.blogger.com.br/

- imperdível! -

quinta-feira, 23 de abril de 2009

: : de tanto : :


de tanto não fazer nada
acabo de ser culpado de tudo

esperanças, cheguei
tarde demais como uma lágrima

de tanto fazer tudo
parecer perfeito
você pode ficar louco
ou para todos os efeitos
suspeito
de ser verbo sem sujeito

pense um pouco
beba bastante
depois me conte direito

que aconteça o contrário
custe o que custar
deseja
quem quer que seja
tem calendário de tristezas
celebrar

tanto evitar o inevitável
in vino veritas
me parece
verdade

o pau na vida
o vinagre
vinho suave

pense e te pareça
senão eu te invento por toda a eternidade


- enchantagem, Leminski -